O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) começa no próximo dia 17. No primeiro dia da prova, o candidato vai responder 45 questões de ciências humanas e suas tecnologias, entre as quais uma grande parte relativa à história.
Apesar do grande volume de conteúdos sobre a disciplina, o Enem disponibiliza uma matriz de referência para listar as competências e habilidades que o candidato vai precisar desenvolver ao longo da prova.
Consultar a matriz e refazer provas anteriores são os passos valiosos para fazer a prova com mais segurança. Veja, a seguir, outras dicas específicas para a prova de história do Enem.
1 – Prova cobra interpretação do contexto
A prova do Enem dificilmente vai exigir conteúdos dissociados de um contexto histórico.
A importância, o funcionamento e os desdobramentos históricos de movimentos sociais aparecerão, por exemplo, em uma questão sobre sindicalismo no Brasil, ou sobre a Revolução Russa, mas é improvável que seja cobrada como conceito solto, sem definição de espaço, tempo e contexto histórico.
Também por isso decorar datas não ajuda se seu estudo não dá significado a elas. “É importante saber as características principais dos períodos”, diz Rogério Bonfá, professor de história do Colégio Poliedro.
2 – Conteúdos são transversais e interdisciplinares
Justamente por não cobrar conceitos dissociados de contexto histórico, os temas da prova de história são recortes transversais de tempo e espaço.
É possível elencar os temas que mais caem, mas eles podem aparecer na prova relacionando contextos históricos diferentes.
A importância da tecnologia nas transformações históricas, tradicional no Enem, pode aparecer tanto numa questão sobre Primavera Árabe como em uma pergunta sobre a Revolução Industrial.
Em ambos os acontecimentos a tecnologia foi fundamental. O candidato precisa não só entender o que foram esses períodos históricos mas como a tecnologia permeou os fatos.
“O Enem não é por tópico ou tema, é por competência e habilidade, que é a espinha dorsal da prova. É a partir delas que surgem as tematizações”.
Nilton Sousa, professor de história da Organização Educacional Farias Brito
Além disso, a prova espera do candidato a capacidade de entender os conteúdos mobilizando conceitos de disciplinas diferentes.
“Falar de democracia, por exemplo, leva o candidato à sociologia, à filosofia. O exame quer o aluno que não pensa de forma fragmentada, mas que entenda a disciplina inserida nas humanidades de forma interdisciplinar”, afirma Bonfá.
3 – Fuja das pegadinhas
A prova de história tem algumas pegadinhas que podem passar batido ao olhar desatento.
A primeira delas é comum a outras disciplinas: a alternativa com conceito correto, mas que não tem nada a ver com a pergunta.
“Isso pega quem está sem atenção, quem decora conteúdo e não interpreta bem o enunciado”, diz Bonfá.
A segunda diz respeito ao formato das alternativas: tome cuidado com respostas muito taxativas, que restringem muito a história. Alternativas que usam “ninguém”, “nunca” e “tudo” para se referir a eventos históricos dificilmente estarão certas. “Sempre existe exceção na história”, afirma o professor.
Também é importante tomar cuidado com o anacronismo. “Conceitos fora de seu tempo histórico testam o senso comum do aluno, que tem uma tendência de olhar a prova com a cabeça de hoje”, diz Bonfá.
4 – Resposta está dentro do texto
O Enem é um exame que apresenta as condições de resposta nos textos das próprias questões.
“Provas tradicionais pedem que você saia da prova para buscar, por exemplo, as causas da Segunda Guerra Mundial. No Enem você não sai, a resposta é deduzida do texto. Falo para os alunos: obedeçam ao texto, ele é a chave de tudo”, afirma Sousa.
É por isso importante ficar atento à formulação da questão. “O comando indica a resposta, que será uma síntese, uma complementação, uma dedução a partir dele”, diz Sousa. “Às vezes, a questão tem dois textos, mas o comando despreza um deles”, completa.
Isso também ajuda na gestão do tempo de prova. Entendendo o comando, o candidato vai conseguir identificar mais rápido nos textos de apoio o conteúdo que indica a resposta correta.