A primeira prova do Enem acontece em 17 de janeiro. Nesse primeiro dia, o candidato vai responder 45 questões de linguagem, códigos e suas tecnologias, entre as quais uma maioria de questões de língua portuguesa.
Apesar do grande volume de conteúdos sobre a disciplina, o Enem disponibiliza uma matriz de referência para listar as competências e habilidades que o candidato vai precisar desenvolver ao longo da prova.
Consultar a matriz e refazer provas anteriores são os passos valiosos para fazer a prova com mais segurança. Veja, a seguir, outras dicas específicas para a prova de português do Enem.
1 – Privilegie leitura e interpretação de texto
O Enem é um exame que exige do candidato, antes de regras gramaticais, habilidade de leitura e interpretação de texto. A matriz de referência, aliás, não menciona a palavra “gramática”.
Isso não quer dizer que o conhecimento gramatical não apareça na prova, apenas que ele não será cobrado descontextualizado, como regra solta e fora de sentido.
A interpretação de diferentes gêneros textuais, ponto central da prova, exige compreensão da gramática, mas ela dificilmente será o foco do enunciado.
2 – Atenção para a formulação da questão
O candidato deve ficar muito atento ao que é pedido pela questão. Muitas vezes a pergunta contextualiza o assunto, mas pede um direcionamento específico, alguma relação particular que a resposta deve contemplar.
“Cuidado para não divagar no comando da questão. Muitas vezes um item está de acordo com o texto, mas não com o que foi de fato pedido. Isso pode induzir ao erro, até pelo pouco tempo de prova”, diz Paulo Lobão, professor de língua portuguesa da Organização Educacional Farias Brito.
3 – Interpretação aliada a crítica
O Enem espera do candidato que a interpretação dos diversos gêneros textuais seja crítica.
A competência 9 da matriz de referência, por exemplo, exige compreensão dos impactos sociais das novas tecnologias de comunicação, como as redes sociais.
“É algo que trouxe conquistas, mas também problemas, isso pede interpretação crítica” diz Lobão. “A prova também tem cobrado características inerentes dessa linguagem, dos recursos da internet. Eles são intertextuais: imagem, texto e som”, completa.
4 – Linguagem não é só o que está escrito
A prova de linguagens do Enem traz outros gêneros textuais que vão além do escrito.
Charges, tirinhas, obras de arte e poesia, para ficar em alguns exemplos, fazem parte do esforço de interpretação exigido do candidato, que deve ficar atento às relações mobilizadas por cada gênero.
Uma charge, por exemplo, pode criar uma relação de oposição entre o que está desenhado e o que está escrito, justamente o que gera seu efeito humorístico. Compreender essa relação faz parte da prova.
5 – Compreenda a arte e a literatura
A arte e a literatura aparecem bastante na prova de linguagens e pedem que o candidato tenha alguma bagagem cultural e conhecimento específico de escolas artísticas.
“Uma das competências ligada à arte pede sua compreensão como saber cultural e organização do mundo e da própria identidade”, diz Nelson Dutra, coordenador de português do Objetivo.
Segundo Dutra, o foco da prova costuma ser as escolas artísticas do modernismo e seu entorno, responsáveis pela ruptura estética na virada do século 19 para o século 20.
Nas questões com obras artísticas e poesia, também é muito importante ler as informações sobre o texto, como o autor, a data e o título, antes mesmo de analisar a obra. Ali já estão pistas valiosas sobre o contexto daquele quadro ou poema.
6 – Atenção para as variantes da linguagem
O Enem costuma reiterar que não existe “falar errado”.
Isso não significa que não exista uma norma culta do idioma, mas, na parte de compreensão e interpretação de textos, o exame pede do candidato o entendimento sobre outras variantes da linguagem, ou seja, variações de acordo com a cultura, a posição social e a geografia.
“O candidato precisa perceber que a linguagem tem uma funcionalidade de acordo com o contexto, não tem o certo ou o errado, tem o adequado ou o inadequado ao contexto”, diz Dutra.
7 – Quando for interpretar uma propaganda, cuidado para não cair nela
O Enem gosta de pedir interpretação textual de peças publicitárias, institucionais ou não. Até pela natureza desse gênero, a persuasão do texto pode acabar escondendo a estrutura e a forma como a mensagem está sendo passada.
“A prova não costuma pedir o que a propaganda está falando, mas como ela fala. Tem que prestar atenção no que o enunciado pede”, afirma Dutra.
Ele usa como exemplo uma eventual publicidade para evitar a covid-19. “Se a peça disser ‘faça isso, faça aquilo’, a prova deve pedir o processo usado para comunicar a mensagem. É a função imperativa da linguagem”, diz.